O nome científico da banana é Musaceae paradisiaca, ou
dividida em subespécies como a Musa cavendishii (banana-nanica e afins), Musa
sapientum (banana-prata e similares) e Musa paradisiaca (banana-da-terra ou
banana-comprida, e afins), pertencentes à família das musáceas e, de acordo com
o Pequeno Dicionário da Gula, de autoria de Márcia Algranti, existem mais de
trinta espécies apenas em terras brasileiras. Seu consumo pode ser feito ao
natural, apenas sendo necessária a retirada de suas cascas, ou ainda cozida,
frita, assada ou como compota.
Existe só uma variedade nativa do Brasil, a banana-da-terra.
Todas as demais, como banana-prata, banana-figo, banana-ouro, banana-maçã,
banana-nanica e banana-robusta, são originárias de países africanos ou do
Extremo Oriente, mas se adaptaram em solo brasileiro.
banana-da-terra |
Ele tirou Musa da palavra árabe "mouz", que é
banana derivada do sânscrito "moka", ou da cidade do café na Árabia
do Sul. Paradisiaca é outra referência aos árabes, que afirmavam ser a
bananeira a Árvore do Paraíso, ou seja, a Árvore do Conhecimento do Bem e do
Mal.
As bananas verdes são para cozinhar, fritar e servir como
uma hortaliça amena. Possuem a mesma quantidade de calorias que a batata. A
casca pode ser resistente: faça uma incisão ao comprido, ao longo dos ângulos,
corte e puxe para convencer as tiras a soltarem a fruta que vem dentro. Para
algumas receitas faz-se a incisão na transversal, deixam-se as fatias de molhos
em água salgada e depois pipocam-se os pedaços para fora dos anéis de casca.
Bananas verde-amareladas podem ser usadas para substituir o
tipo verde. Podem também ser guardadas até ficarem mais maduras. Numa casa
aquecida logo ficam da cor amarela costumeira, em seguida amarelas manchadas de
marrom, ponto em que começa a valer a pena serem comidas.
À medida que vão ficando completamente marrons, suavizam-se
a um mel translúcido, ideal para doces musses, sorvetes e sanduíches. Nesse
estágio aromático final elas podem ser realçadas por um pralinê (doce feito com
alguma castanha envolvida em açúcar e cristalizado) ou amêndoas tostadas; nozes
combinam num estágio ligeiramente anterior.
Rum é a bebida alcoólica mais recomendada para a banana. O
coco é um bom companheiro, bem como todos os tipos de laticínios e coisas da
fazenda: do iogurte, creme de leite e queijos frescos macios aos ovos, bacon e
frango. Frutas que combinam com bananas: damascos, limão e laranja, morangos e
framboesas. O suco dos cítricos evita que a banana em fatias tome uma coloração
escura, mas não é uma boa ideia deixar saladas de banana esperando muito tempo.
Além dos tradicionais doces feitos com a fruta madura, é
possível usar uma pasta, chamada de biomassa, que é a polpa da banana verde em
preparos salgados e doces. Uma das receitas mais antigas de banana no Brasil é de um peixe azul que é
preparado pelos caiçaras do litoral de São Paulo e cujo nome deriva da
coloração conferida pelo tanino da banana.
As pacovas ou bananas-da-terra, que os espanhóis chamam de
plátano, em geral são mais tolerantes à estiagem do que as bananeiras para
consumo ao natural, estas são, porém, mais suscetíveis a pragas, apresentam
lenta produção de brotos, baixa longevidade e, consequentemente, menor
produtividade e rentabilidade. Embora sejam parecidas por fora, a pacova é
menos doce e mais densa devido a menor porcentagem de água e maior reserva de
carboidratos, sendo consumida ainda verde e cozida.
A bananeira não é uma árvore. Ela não possui tronco nem
galhos; é, na verdade, uma erva-gigante, a maior da face da Terra. A banana é a
quarta cultura mais importante do planeta perdendo apenas para o arroz, o trigo
e o milho. É fruta tropical mais consumida no mundo.
Em várias culturas do mundo nada da bananeira é
desperdiçado. Quando verde, a ponta do cacho cortada fornece líquido suficiente
para matar a sede ou lavar a mãos. O coração, que tem sabor semelhante ao do
pepino, é consumido como alimento e, quando deixado secar ao sol, é empregado
como combustível. A folha da banana pode ser convertida em pratos, garfos, e,
ressecadas, substituem a palha para cobrir choças. Bastante fibrosa, é muito
utilizada na confecção de cordas, barbantes ou para assados. Também serve como
teto de abrigos provisórios, embalagem improvisada, atadura de emergência e
mesmo para fabricar papel.
No líquido acumulado entre as folhas e o caule, a gente
simples encontra alívio para picadas de aranhas, vespas, escorpiões e até de
cobra. Com a fruta em si é possível fazer também vinho, açúcar, vinagre e pão.
Também a consomem como legume, e a flor da bananeira é transformada em pó e
misturada ao rapé.
Moqueca
Com banana-da-terra é possível fazer uma moqueca sem peixe.
O preparo é muito semelhante a uma moqueca baiana. O ideal é cortar a banana em
três fatias grandes e essas cortar ao meio, para ficar mesmo parecido com uma
posta de peixe, como indica a Bela Gil. E temperar como peixe também, com sal,
limão e alho picado.
A melhor panela para fazer é a de barro, por causa do cozimento
mais lento. Eu não tenho, então a primeira vez que fiz queimou um pouco no
fundo. Aprendi que em panela de inox você tem que cozinhar em fogo alto só
metade do tempo.
Você liga o fogo alto para esquentar a panela. Refoga ½
cebola picada, 1 tomate picado e 1 pimentão em rodela no azeite de oliva com 1
pitada de sal. Adicione a banana-da-terra e pimenta a gosto. Adicione ½ cebola
fatiada, 1 tomate em rodelas, coentro e leite de coco. Deixe ferver por 10
minutos com a panela tampada, sendo 5 em fogo alto e 5 de baixo. Abra e coloque
2 colheres de azeite de dendê.Moqueca de banana |
"Yes, nós temos bananas - histórias e receitas com biomassa de banana verde", Heloisa de Freitas Valle e Marcia Camargos, Editora Senac São Paulo
"O livro das frutas", Jane Grigson, Companhia das Letras
"Pequeno Dicionário da Gula", Márcia Algranti, Record